Eu sei que esse assunto não comove tanto os ativistas de Direitos Humanos e o Ministério Público, tão focados na defesa de bandidos e marginais, mas, ontem, foram mortos, só no Rio de Janeiro mais 3 policiais militares.
Durante a última semana, 14 agentes da lei foram baleados, desses, seis morreram. Do começo do ano até agora, mais de 100 policiais militares foram mortos em todo o estado do Rio.
Em SP, a realidade não é diferente. na madrugada do domingo outro policial foi executado. A polícia civil chegou a acionar um alerta para as polícias depois do assassinato de um delegado e de outros PMs.
O número de policiais mortos no Brasil é alarmante. A polícia brasileira é uma das que mais morre no mundo. Os atentados contra a polícia são um sinal gravíssimo de descontrole e caos social. É uma afronta a ordem pública, e contra o próprio Estado, que, por sua vez, somos nós.
Dados da última edição do Anuário de Segurança Pública revelam que 490 policiais morreram de forma violenta. De 2009 até agora, foram 1770 homens da lei assassinados.
Mas os números parecem não mais chocar a sociedade. Há um estranho sentimento de conformidade com o assassinato de policiais, como se esses crimes fossem naturais, como se o agente da lei fosse pago, aliás, mal pago, para isso: arriscar o pescoço, ser ignorado pelo cidadão, criticado pela imprensa e morrer em combate ou fora dele, nas mãos de criminosos.
Há uma abominável sensação de aceitação das mortes de policiais. A imprensa, por motivos puramente ideológicos, mal cobre esses fatos . O Estado não se manifesta. O Ministério Público não reage, os Direitos Humanos não amparam. A sociedade se cala.
É inaceitável essa omissão.
Vivemos uma perigosíssima inversão de valores.
Onde o bandido morto é sempre vítima da atrocidade policial, e o policial, no cumprimento do seu dever, protegendo com sua vida a vida da sociedade, é sempre o algoz, o covarde, o malfeitor… no fim das contas, o bandido.
Se um criminoso é morto pela polícia, instala-se o caos. Ônibus são queimados, há depredações, pneus queimados, rodovias bloqueadas, protestos e vandalismo por toda parte. Há choro e ranger de dentes.
Mas se morre um policial, não há palavras de alento. Nem um gesto de solidariedade.
Enquanto homens da lei são mortos como moscas por facções cada vez mais poderosas e bem armadas, corre a todo vapor no congresso um projeto de lei que, no fim das contas deixará a polícia ainda mais vulnerável.
Mais rápido do que imediatamente, o Senado já aprovou projeto de lei que troca armas de fogo por armas não letais, como cassetetes de borracha, gás lacrimogênio, armas de choque, e os terríveis sprays de pimenta…
Se aprovado o esdrúxulo projeto, Essas armas de brinquedo terão prioridade sobre as armas de verdade no combate ao crime.
É, pimenta nos olhos dos outros é refresco, hein senhores senadores.
Onde Vossas Excelências pensam que estão? Na Inglaterra? No Canadá? Na Suécia?
Já subiram algum morro, no Brasil, para combater traficantes? Já entraram na linha de fogo de assaltantes? Já tentaram desarmar um criminoso com reféns? Já perseguiram bandidos em fuga? Já colocaram seu precioso pescocinho em risco para salvar a pele de algum cidadão? Não?
É fácil fingir combater o crime, sentados nos tronos de seus gabinetes, enclausurados nos palacetes do legislativo.
Enquanto se esmeram para aprovar esse patético projeto, que enfraquece e desmoraliza o chamado braço forte do Estado, os nossos legisladores fazem corpo mole para apreciar um outro projeto – o que torna hediondo o crime contra agentes da lei.
Desde fevereiro, o Projeto de Lei que agravaria as penas de assassinos de policiais repousa na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara.
Enquanto os legisladores permanecem inertes, mais policiais vão morrer.
Porque o crime tem compensado, e os inimigos da sociedade, da gente de bem deste país seguem avançando fronteiras e, pelo medo e pela violência, estão tomando conta do país.
Nessas horas eu me pergunto: para que serviu mesmo aquele tal de estatuto do desarmamento?
@rachelsherazade
facebook.com/rachelsheherazadejornalista
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